Nesta semana, a Federação de Consórcios, Associações e Municípios de Santa Catarina (FECAM) participou do III Encontro Nacional de Desastres, em Niterói/RJ. Com o tema “eventos extremos e a sociedade sob a perspectiva das mudanças climáticas”, o evento é promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos e é voltado para professores universitários, alunos de mestrado e doutorado e gestores estaduais e municipais de defesa civil.
A coordenadora técnico-administrativa do Colegiado de Defesa Civil da FECAM, Dayna Maressa Pamato, apresentou a metodologia de criação do Colegiado, primeiro e único do país em atividade e enfatizou que seu processo de criação deu-se de maneira orgânica, a partir da necessidade identificada pelos próprios municípios. Também apresentou a sua composição e os resultados obtidos nesses três anos de existência. Pamato afirma que diversas pessoas já se interessaram e fizeram contato para conhecer mais sobre o Colegiado.
Ana Janaína M. de Souza, superintendente de Defesa Civil do município de Gaspar e 2ª secretária do Colegiado de Defesa Civil da FECAM, também participou do evento e apresentou o estudo da criação de mapas de vulnerabilidade social para o município.
Durante a programação, três municípios próximos ao local do evento, que sofreram recentemente com algum desastre, foram visitados pelos participantes – Angra dos Reis, Nova Friburgo e Petrópolis. A FECAM participou da saída de campo para Angra dos Reis.
A visita começou na comunidade de Monsuaba, localidade onde, em 2022, um deslizamento de terra fez 10 vítimas. Além da vulnerabilidade social do local, as características do solo e das construções residenciais e o alto índice de chuvas, contribuem para que desastres de alto impacto aconteçam no local. Cerca de 38% da população angrense está em área de risco, seja por deslizamento ou por inundações.
A arrecadação do município é bastante elevada por conta dos royalties do petróleo, no entanto os investimentos em prevenção e mitigação na cidade não são tão visíveis. A cidade teve uma crescente alta no turismo, mas de forma desordenada e desequilibrada. Grandes resorts e mansões foram ocupando os terrenos à beira mar e empurrando os nativos para as encostas.
A saída de campo também levou os participantes para conhecer o projeto de Bacia Escola, tecnologia social que adota uma bacia ou sistema hidrográfico em busca da sustentabilidade e resiliência a desastres por meio da gestão ambiental participativa integrando ciência cidadã, educação ambiental, agroecologia e hidrologia.Na cidade, a Bacia Escola foi aplicada no bairro Retiro, como forma de desenvolver um Plano de Ação Comunitário a fim de trabalhar sobre os maiores desafios relacionados à água.
Por fim, todos foram para a sede da Secretaria Municipal de Defesa Civil. “Pudemos visualizar a central de monitoramento de riscos e emissão de alertas, conhecer o departamento de engenharia e o setor responsável pela integração comunitária, ou seja, a relação do poder público com a comunidade”, conta Pamato. “Lá, eles também trabalham com Núcleos de Proteção e Defesa Civil nos bairros, realizando palestras e conscientização aos moradores sobre procedimentos e protocolos a serem seguidos em caso de desastres.”
Para ler o artigo apresentado, basta acessar o link dos anais do evento.